Artista da vez: Frida Kahlo
Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, (Coyoacán, Cidade do México, 1907 – 1954)
Para compreender a pintura de Frida Kahlo é necessário conhecer sua trajetória. Quando criança foi acometida pela poliomielite, que a deixou coxa. Passou a usar calças e longas saias estampadas que se tornaram uma de suas características mais particulares. Também, especula-se, tenha nascido com uma doença congênita que prejudicou o desenvolvimento de suas pernas e coluna.
Já aos dezoito anos sofreu um grave acidente aonde o bonde no qual viajava chocou-se a um trem, tendo como resultado inúmeras fraturas. Embora tenha se recuperado, este acidente a deixou com sequelas por toda a vida. Teria sofrido cerca de trinta operações, ademais, era acometida por fortes dores e a impossibilidade de engravidar. Durante o tempo de convalescença começou a pintar.
Frida pintava prioritariamente a si mesma, porque estava quase sempre sozinha e, dizia, o que conhecia melhor era ela mesma. Por outro lado, vendo suas obras fica clara a intenção de retratar diferentes formas da dor e angústia que vivia e suportou desde muito cedo. É interessante notar talvez um anseio em definir a si mesma em seus auto-retratos, pintando, encontrar uma única Frida Kahlo que compreenda todas as suas fragmentações físicas e psíquicas.
Casou-se com o já muito famoso pintor Diego Rivera de quem era grande admiradora em 1929, um relacionamento difícil, no entanto. Ambos mantinham muitos amantes, Diego inclusive mantinha relações com a irmã de Frida, Cristine, isto somado ao fato de não poderem ter filhos, à esta altura já havia tido dois abortos, fez com que se separassem em 1939, se casando novamente em 1940.
Não se pode dizer que Frida Kahlo teve sorte na vida. Apesar de tudo, ou justamente por isso, conseguiu com sua pintura um nome na história da arte. Sabendo disso não mais nos surpreende a crueza com que Frida retrata a si mesma, àquela é sua própria realidade, sendo impossível dissociar vida e obra. Seus quadros são o reflexo de sua angústia e possivelmente foram o que a mantiveram viva, pois nunca deixou de pintar. De certa forma, toda sua vida está contada em telas, e é isto que chama a atenção em sua obra: talvez mais do que a habilidade técnica de seu pincel, sua trajetória particular, sensibilidade e coragem em expor-se de forma sangrenta tenham feito crescer o mito Frida Kahlo.
Provavelmente nenhum outro artista conseguiu fundir tão profundamente vida e obra como Frida Kahlo. Em sua pintura sensível e (sur)realista, tão verdadeira quanto possível, podemos encontrar seus sofrimentos, seus acidentes, seus abortos e o desejo intenso de ser mãe, suas desilusões com Diego. Quanto à seu estilo, pintava autorretratos primitivistas, análogos a Gauguin, e cores fortes, com pouco volume. Teve influência principalmente do folclore mexicano, que conta com uma rica tradição indígena das civilizações pré-hispânicas da Mesoamérica e da cultura Espanhola. Geralmente se colocava em amplos espaços isolados e áridos, quase vazios, quase sempre sozinha, ás vezes com Diego.
Tão interessante quanto, porém, são suas fotografias. Seu pai, Carl Wilhelm (Guillermo) Kahlo (1871 – 1941), fotógrafo, juntamente com a própria Frida e Diego, formaram ao longo da vida um extenso acervo de mais de 6000 fotografias que retratam a si próprios em momentos íntimos, cotidianos, viagens, amigos. Mantido guardado desde a morte de Frida em 1954, este acervo foi aberto em 2002 e, após restaurado, se transformou em livro (publicado no Brasil com tiragem única pela Cosacnaify) e exposição em 2010.
Suas fotografias permitem aprofundar ainda mais na mitologia pessoal de Frida, inteira documentada por sua câmera, separadas em livro por temas como “Origens”, “A Casa Azul”, “O Corpo Dilacerado”, “Amores”, retratam com a mesma fidelidade de suas pinturas todas as fases por que passou a artista, as tragédias pessoais, a relação com Rivera, e o convívio com inúmeros outros artistas, como também a importância da fotografia em sua vida. Na segunda parte do livro intitulada “Pai” é possível constatar também a influência do pai na predileção por autorretratos.
A quem se interessa por Frida, suas fotografias são um complemento às suas pinturas, e permitem aprofundar ainda mais no complexo quebra-cabeça Frida Kahlo.
Sua influência só aumentou após sua morte, tornando-a mais famosa que seu marido. Por seus estilo particular de se vestir, inspirou principalmente coleções, de Gaultier a D&G, e editoriais. Sua vida inspirou dois filmes: em 1983, em Frida, natureza viva de Paul Leduc, e em 2002 em Frida, de Julie Taymor. Foram publicados diários, fotos, e uma centena de biografias. Continua celebrada até hoje com exposições, livros, espetáculos e tem obras nos principais museus do mundo, além do Museu Frida Kahlo no México.
Links:
Museo Frida Kahlo http://www.museofridakahlo.org.mx (espanhol)
Galeria http://www.wikipaintings.org/en/frida-kahlo (inglês)
Wikipédia http://es.wikipedia.org/wiki/Frida_Kahlo (espanhol)
Cronologia Ilustrada http://www.homines.com/arte_xx/crono_frida/index.htm (espanhol)
Publicado por Helosa Araújo
a 20/09/13
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